2011: A web não será mais a mesma. Ah Wikileaks! O que você foi fazer!

25/12/2010 01:03

Cada vez mais governos e instituições parecem controlar o uso da web, caso de países como China e Estados Unidos.

Este artigo de final de ano é, acima de tudo, um modesto olhar sobre o que vejo e imagino para o futuro. Afinal, estamos prestes a começar 2011, e ao que tudo indica, será um ano decisivo para a Internet e para todo o seu grande potencial livre.

Ao longo de sua história, a Internet tem sido essencialmente livre de regulamentação governamental. Embora existam exceções – alguns países estão trabalhando bastante para controlar o conteúdo online.

Mas, sem dúvida, tem sido profundo o impacto da Internet sobre a indústria da música e do cinema, jornais, entretenimento, privacidade, transparência de governo (voluntária ou não) e educação.

Claro, existem muitas pessoas que não estão felizes com estas mudanças, muitas vezes, impostas pela web. Por alguns anos, a indústria dos direitos autorais protestou bastante contra a Internet.  Ainda que alguns indivíduos tenham realmente tido dores de cabeça, nada realmente mudou para a maioria, pelo menos até o momento.

Entrentato, os esforços para controlar a rede de outras maneiras estão começando a crescer.

Governos x Internet

Um exemplo recente foi o evento ITU Plenipotentiary Conference, em Guadalajara, no México, onde ocorreu uma grande discussão sobre a possibilidade de extender à Internet o regime regulatório dos sistemas mundiais de telefonia. Mas, no final, o encontro terminou sem a conclusão de um regulamento global.

Uma outra tentativa surgiu com a Comissão para Ciência e Tecnologia das Nações Unidas, que votou no sentido de estabelecer um comando único, nas mãos do Fórum para Governança da Internet – um grupo responsável por discutir questões na web relacionadas, principalmente, a direito de imagens.

Agora, um grupo, constituído por países integrantes da ONU, investigará como ajustar a IGF para este comando. Sinceramente, não é preciso muita imaginação para prever o provável resultado.

Afinal, os governos, em geral não gostam muito da internet ou pelo menos de atividades online que eles não controlam. Alguns, como a chinês, por exemplo, estabeleceram inúmeras restrições aos websites de seus próprios países. Um caso recente é a Venezuela.

Uma possível reestruturação da Internet permitiria a cada país gerenciar o conteúdo de tal forma que se tornaria difícil descobrir o que está acontecendo ao redor do mundo.

Mas não temos de esperar a ONU para refletirmos sobre o futuro. Recentemente, o governo dos EUA tirou do ar uma série de domínios, sem qualquer notificação oficial aos proprietários.

Caso semelhante pode ter ocorrido caso o governo dos EUA tenha realmente pressionado o PayPal e a Amazon para interromper seus serviços ao WikiLeaks, novamente, sem a utilização de nenhum meio legal.

Você não tem de ser um fã do WikiLeaks para entender que deixar o governo dos EUA decidir sozinho, sem nenhum processo jurídico como o definido pela Constituição, não é um caminho para a liberdade. Além disso, a FCC votará um novo marco regulatório para a internet no dia 21 de dezembro – e o conteúdo está sendo mantido longe dos holofotes.

Posso estar sendo um pouco alarmista, mas os sinais indicam que a Internet do futuro não será igual àquela que um dia conhecemos, a não ser no nome. Feliz Ano Novo. 

Fonte: https://paisdaelitenews.wordpress.com/2010/12/23/comeco-da-extincao-da-web-como-conhecemos/