Médico corajoso escreve contra a farsa da vacinação da gripe A

21/05/2010 01:47

A VACINA CONTRA H1N1: NOTÍCIAS DIRETO DO ÚBERE DE BLOSSOM
© Dr. Alessandro Loiola

Era uma fresca manhã de 14 de maio de 1796 quando o médico inglês Edward Jenner pegou o menino James Phipps e arranhou e bezuntou seus braços com secreções purulentas colhidas das mãos de uma ordenhadeira chamada Sarah. Sarah havia recentemente contraído uma forma de varíola bovina das tetas de sua vaquinha predileta, Blossom. E Blossom, ruminando serena, nem sabia o que eram varíola ou tetas, tampouco que ela própria era um bovino.

E então James, de apenas 8 anos de idade, adoeceu, teve febre, sentiu-se mal por alguns dias e recuperou-se. Mas isso não foi suficiente para Jenner. Após alguns dias, ele investiu novamente sobre o menino (cientificamente falando, claro), sentando-lhe uma dolorosa injeção de material fresco de varíola humana. Afora a picada, o menino nada sentiu ou desenvolveu. Ele havia se tornado imune à varíola – o equivalente atual a ser imune ao HIV.

A experiência bizarra de Jenner poderia ser classificada como algo entre o desumano e o neonazista – ou ambos -, mas sua audácia resultou em um avanço que salvaria mais vidas que qualquer outra descoberta médica na assombrosa história da humanidade. Utilizando camponeses como porquinhos da Índia, Jenner havia descoberto a vacinação.

Quase 3 séculos mais tarde, somos assolados por uma nova epidemia. Desta vez, uma mutação do banal vírus da Gripe. Sim, banal. Perto de uma garrafa de cerveja, o influenza H1N1 é um iniciante: calcula-se que o H1N1 tenha ceifado cerca de 15 mil vidas no ano passado, em todo o mundo. No mesmo período e local, pelo menos 2,3 milhões de pessoas morreram devido a problemas relacionados ao consumo de álcool - e você não tem um ataque de pânico ao ver uma garrafa de Chivas, tem?

Ah, sim: segundo dados da OMS, a cada ano o trânsito causa mais de 1 milhão e duzentas mil mortes e o Fumo, cerca de 5.000.000 de óbitos. Se você conhece algum tabagista que dirige, providencie agora mesmo uma coroa de flores para ele. Quem sabe comprando adiantando você consegue um bom desconto.

Por causa da burrice generalizada... perdão, deixe-me corrigir: por causa das agendas equivocadas, da incapacidade institucionalizada e da corrupção hereditária, nosso governo vai investir uma senhora grana na aquisição e distribuição de mais de 100 milhões de doses da vacina contra H1N1. Pilhas e pilhas e pilhas de notas de reais investidos em uma campanha nacional de seringa-marketing. Tsc, tsc.

Quer melhorar a saúde da população? Então que tal não deixar faltar remédio para hipertensão no posto saúde e acompanhar de perto todo e qualquer hipertenso? Afinal de contas, a hipertensão arterial é responsável por mais de 7 milhões de mortes prematuras a cada ano.

Mas tudo bem. Isso combina como uma luva com a estratégia de saúde de um (des)Governo que criou com pompas e circunstâncias o Fome Zero, destinado a aplacar a desnutrição de 18 milhões de brasileiros – e pouco fez para controlar o excesso de peso que atinge outros 70 milhões de patrícios. Temos 3 gordos para cada 1 desnutrido e querem distribuir mais comida. Tá certo. Nada contra. O faturamento do meu consultório agradece.

Minha pirraça com esta campanha de imunização contra o H1N1 reside na sinistra rapidez com que uma vacina de massa foi desenvolvida e prontamente disponibilizada à população. Os primeiros casos de H1N1 foram detectados em abril de 2009 e menos de um ano depois já temos uma vacina “absolutamente segura e eficaz”? Hum... sei não... vou perguntar pro Papai Noel, pode?

Em 1999, uma vacina infantil “altamente eficiente” contra rotavírus foi rapidamente retirada do mercado nos EUA: após 14 meses de vacinações, as estatísticas mostraram que a RotaShield aumentava de modo significativo o risco de intussuscepção – um tipo de obstrução intestinal potencialmente fatal.

Até hoje, corre solta a discussão se o aumento nos casos de autismo observado nas últimas décadas não estaria relacionado ao timerosal, um conservante presente em muitas vacinas. A pressa é inimiga da perfeição – e vizinha do superfaturamento.

Uma (excelente) revisão recente da Cochrane Collaboration, envolvendo mais de 70 estudos científicos de qualidade, concluiu que nem mesmo a vacina contra gripe comum possui evidências concretas sobre sua eficácia em pessoas com mais de 65 anos de idade. Que dirá a vacina para o H1N1.

A princípio, espera-se que uma vacina cause menos efeitos que a doença contra a qual ela oferece proteção. Mas esses dados ainda não estão disponíveis para a vacina contra o H1N1. Os próprios especialistas americanos, do CDC, do FDA e do Departamento de Defesa estão vigilantes para identificar quaisquer eventuais efeitos colaterais. “Podem ocorrer alguns efeitos adversos, algo poderia acontecer, mas nós acreditamos que isto é altamente improvável”, disse o especialista Dr. Mark Mulligan, diretor executivo do Emory Vaccine Center, em Atlanta (EUA).

Como é que é? Eles “acreditam” que um efeito colateral é altamente improvável? É alguma procissão de fé? Chama o Papai Noel aí de novo.

Eu muito modestamente creio que um programa direcionado para a melhoria das condições sanitárias e nutricionais da população possuiria uma relação de custo-benefício bem superior a certas campanhas de vacinação. Por exemplo: por que não substituir a campanha anual de vacinação contra gripe por um programa sazonal orientando a população a utilizar suplementos de vitamina D3?

Ao contrário da vacina, a vitamina D3 oferece uma proteção quase universal contra o Influenza. Além disso, em doses maiores, a D3 pode ser capaz de curar a gripe.

Lamentavelmente, a mentalidade feudal de Edward Jenner prevalece. Seu legado intelectual pode ser insubstituível, mas não tenho vocação para cobaia. Entre as injeções contra H1N1 e o estábulo, ainda prefiro o úbere de Blossom.

Se a curiosidade lhe mordeu, recomendo então mais alguns links para artigos sensatos sobre H1N1 e a milagrosa vacina:

- Pandemia de gripe ou pandemia de pânico? -
https://www.channel4.com/news/articles/science_technology/pandemic+flu+or+pandemic+panic/3279557

- Uma gigantesca indústria aguarda pela pandemia - https://www.spiegel.de/international/world/0,1518,637119,00.html

- O que nós realmente sabemos sobre a vacina?
https://www.theglobeandmail.com/news/opinions/what-do-we-know-about-the-vaccines-safety-not-enough/article1242422/

- Estudo de Vigilância Epidemiológica na Austrália conclui: não existem evidências mostrando proteção significativa da vacina contra gripe em qualquer faixa etária. https://pesquisa.bvsalud.org/h1n1/resources/mdl-19660248

- Entrevista com Dr. Tom Jefferson, renomado epidemiologista do Cochrane Collaboration Group - https://blogs.ft.com/healthblog/2009/09/11/interview-dr-tom-jefferson-and-pandemic-flu-vaccines/
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Formado em Medicina pela Escola de Medicina da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, com especialização em Cirurgia Geral pela Fundação Educacional Lucas Machado (Belo Horizonte/MG), o médico capixaba Alessandro Loiola vem atuando há mais de 10 anos como desenvolvedor de conteúdo científico para jornais, revistas, canais de televisão e Internet. Palestrante, autor de vários livros sobre saúde e centenas de artigos publicados no Brasil e no exterior, Dr. Alessandro pode ser encontrado como colunista e colaborador em mais de 200.000 páginas na Web. Atualmente, reside e clinica em São José dos Campos, São Paulo.

Fonte:

Saúde Para Todos: A VACINA CONTRA H1N1: NOTÍCIAS DIRETO DO ÚBERE DE BLOSSOM