Segundas intenções: Especialistas em gripe suína da OMS trabalhavam para indústrias farmacêuticas

04/06/2010 23:18

Os principais cientistas por trás dos conselhos da OMSsobre estocar de medicamentos contra a gripe H1N1tinham vínculos financeiros com empresas fabricantes de tais medicamentos, concluiu uma investigação.
O BMJ - Jornal Britânico de Medicina - diz que os cientistas tinham declarado abertamente esses interesses em outras publicações e ainda assim a OMS não fez qualquer menção sobre estas ligações.
Esta notícia vem ao mesmo tempo que um relatório do Conselho da Europa criticando a falta de transparência em torno do tratamento da pandemia da gripe suína.
Um porta-voz a OMS disse que a indústria farmacêutica não influencia as suas decisões sobre a gripe suína.
Orientações recomendando governos sobre o estoque de medicamentos anti-virais foram emitidas pela OMS em 2004.
Esta recomendação levou muitos países ao redor do mundo a comprar grandes estoques de Tamiflu, fabricado pela Roche, e o Relenza, fabricado pela GlaxoSmithKline.
Um ano após a pandemia de gripe suína ter sido declarada, os estoques estão sem utilização nos armazéns e os governos estão a tentando cancelar os contratos.

Conflito de interesses 
O BMJ - British Medical Journal (Jornal Britânico de Medicina), em uma investigação conjunta com o Departamento de Jornalismo Investigativo, constatou que três cientistas envolvidos em desenvolver as orientações de 2004 haviam sido pagos pela Roche e pela GSK para ministrar palestras e trabalhos de consultoria, além de estar envolvidos em pesquisas para estas mesmas empresas.
Embora os cientistas envolvidos haviam declararado livremente as ligações em outros lugares e disseram que a OMS solicitou informações sobre conflitos de formas de interesse em formulário antes das reuniões dos peritos, as relações não foram publicamente declaradas pela OMS.
Não está claro se esses conflitos de interesse foram notificados de forma privada pelaOMS aos governos ao redor do mundo, o BMJ disse, e este teve recusado um pedido para averiguar as declarações de conflito de interesse.
Além disso, a lista de membros do "comitê de emergência", que aconselhou a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, na declaração da pandemia de gripe H1N1 foi mantida em segredo.
Isso significa que os nomes dos 16 membros da comissão são conhecidos apenas por pessoas de dentro da OMS e assim também os seus eventuais conflitos de interesses com as empresas farmacêuticas são desconhecidas.
Em seu site, a OMS informa que: "Potenciais conflitos de interesse são inerentes a qualquer relação entre uma agência de desenvolvimento normativo e de saúde, como a OMS, e uma indústria com fins lucrativos. "
"Considerações similares são aplicáveis quando os especialistas que aconselham a OMStem ligações profissionais com as empresas farmacêuticas. "
"Inúmeras são as garantias para gerir eventuais conflitos de interesses ou a sua percepção."
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Opinião do blog:
Estes conflitos de interesses nao sao novidades para aqueles que não tem sido alienados pela imprensa corporativa. Temos divulgado neste blog desde meses atrás as acusacoes do Conselho da Europa contra a OMS. De qualquer forma, é bem-vinda esta informação pela mídia corporativa, apesar do tom apologista.
Uma pena que esta investigação tenha sido concluída apenas ao fim da campanha de vacinação no Brasil. Não que pense que isto alteraria as políticas insensatas do Ministério da Saúde, que obedece cegamente a quaisquer orientações da OMS. Observando-se o que aconteceu com a Polônia, que foi o único país a desobedecer as orientações para a compra de vacinas, não é de se impressionar que nossos dirigentes agiram como cabritinhos mansos, ainda mais se pudessem tirar o seu durante este crime contra os brasileiros que foi esta vacinação em massa.

Fontes: www.anovaordemmundial.com
BBC: WHO swine flu experts 'linked' with drug companies
British Medical Journal: Conflicts of Interest
WHO and the pandemic flu "conspiracies"

AlJazeera: Report: WHO overstated H1N1 threat